Enem 2020: candidatos são avisados de lotação de sala e impedidos de fazer a prova
ENEM
Felipe Stegun 18 de janeiro de 2021

Estudantes inscritos no Enem 2020 no Paraná, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e em São Paulo relatam que foram impedidos de fazer a prova devido a lotação das salas.

Neste ano, o Inep, organizador do exame, divulgou um protocolo sobre a Covid-19 que reduziria a capacidade das salas para manter distanciamento mínimo entre os candidatos.

Em Curitiba, alunos chegaram a registrar um boletim de ocorrência. A atual edição do Enem está sendo marcada por manifestações contrárias a realização da prova em meio à piora dos números da pandemia do coronavírus no Brasil.

Ações tentaram na Justiça a mudança de data, mas os pedidos foram negados. Apenas o Amazonas, depois de um decreto do governo estadual, determinou a suspensão do Enem.

Alunos, como a candidata do Rio Grande do Sul no vídeo acima, reclamam que receberam a informação de que seriam obrigados a fazer a reaplicação da prova nos dias 23 e 24 de fevereiro sem levar um comprovante sobre a mudança de data e por qual motivo.

O Inep ainda não comentou a situação relatada nos três estados da região Sul. Às 20h, haverá uma entrevista coletiva para falar sobre o primeiro dia de provas do Enem.

“Cheguei super cedo no lugar mas quando entrei na fila pra entrar me disseram que não tinha lugar pra todo mundo na sala”, diz a estudante Tayna Guedes Bampi, de 21 anos, que tentou fazer a prova na UniRitter.

Pelo menos dois locais registraram problemas no estado: a PUC-RS e a UniRitter, ambas em Porto Alegre.

Segundo ela, funcionários informaram que ela realizaria a prova em outra data. Mas não foi entregue nenhum tipo de comprovante. “Só marcaram com caneta no meu nome”, relata.

Em Santa Catarina, estudantes reclamaram de desorganização, fila e calor. Na sexta (15), a UFSC já havia comunicado o Inep, autarquia do MEC responsável pelo Enem, que havia recebido um plano de salas com ocupação de 80% de candidatos para a realização do Enem.

De acordo com a instituição, a condição para ceder os espaços seria que as salas tivessem limite máximo de 50%.

No Paraná, em pelo menos quatro locais de prova houve casos de inscritos que não puderam fazer o exame. Candidatos também afirmam que deixaram o local sem um comprovante de presença.

A candidata Mariana Ribeiro de Jesus, de 25 anos, disse apenas 15 pessoas entraram na sala em que ela faria a prova, no Colégio Medianeira.

“Eu estava na fila para entrar na sala, e quanto chegou a minha vez, me falaram que tinham atingido o limite de 50% do local”, afirmou.

Ela disse assinou uma ata, onde foram anotadas as informações pessoais dela, e que a única orientação que recebeu foi de entrar em contato com o Inep pelo 0800-616161.

“Eu ainda pedi para tirar foto dessa ata, mas não me deixaram”, disse a estudante, que tenta o Enem pela terceira vez para cursar medicina.

São Paulo

Em Mogi das Cruzes, região metropolitana de SP, o estudante Kevin Steven Philippart, de 18 anos, relatou que não conseguiu fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (17), na Escola Estadual Pedro Malozze.

O estudante relata que chegou ao local de prova às 12h30. E ao chegar no andar onde faria a prova os problemas começaram.

“Um instrutor perguntou a sala onde eu faria a prova e pediu para eu esperar. Depois de 15 minutos mandaram descer. Já tinha umas 40 pessoas nesse momento. Quando nós descemos ficamos em uma fila sem distanciamento e todo mundo sem saber o que ia acontecer. Depois chegou uma moça que pediu número do RG e perguntou a sala”, conta o estudante.

Kevin Steven Philippart explica que pediram para esperar até as 13h, para ver se sobrava vagas nas salas. Os instrutores avisaram que havia cinco vagas e as cinco primeiras pessoas da fila entraram. O restante foi dispensado.

“Quando era 13h15, a coordenadora fez uma reunião e falou que por culpa do Inep mandaram colocaram mais pessoas na sala, mas que o instituto ouviu o conselho de outros órgãos para não ter tanta gente. E por isso não tem lugar e não pode fazer Enem. Ela disse só que tinha pegado o nosso nome e sala.”

Enem da pandemia

As provas serão aplicadas em 1.689 cidades neste domingo (17), de acordo com números do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC), responsável pela prova.

O Enem 2020 estava previsto para ocorrer em novembro, mas foi adiado devido à pandemia e ocorre agora em meio ao pior momento de transmissão de casos.

Em 58 cidades, as provas não vão acontecer. As suspensões foram determinadas pela Justiça em todo o estado do Amazonas (56 cidades) e em duas cidades de Rondônia (Espigão D’Oeste e Rolim de Moura).

Dos 5.687.397 inscritos na versão impressa do Enem 2020, 159.338 deixam de fazer o exame no Amazonas, 2.863 em Rolim de Moura (RO) e 969 em Espigão D’Oeste (RO).

O exame terá ainda a versão digital, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. São esperados 96 mil candidatos para esta modalidade, que acontecerá pela primeira vez nesta edição.

Até as 20h deste sábado (16), treze estados registravam alta nas mortes: AL, AM, GO, MG, MT, PE, PI, RJ, RN, RR, SE, SP e TO. Eles somam 3,1 milhões de inscritos no exame (54,25% do total).

O Enem é considerado o maior vestibular do país, e a nota serve para disputar vagas em universidades e ter acesso a programas de bolsas (Prouni) ou financiamento de mensalidade (Fies). Candidatos ouvidos pelo G1 dizem estar pressionados entre o sonho de ter uma graduação e o risco de se contaminar.

A aplicação do Enem tem sido alvo de disputas judiciais, devido à pandemia. A prova, prevista originalmente para novembro de 2020, foi adiada para janeiro deste ano – mesmo após enquete com participantes indicar o mês de maio de 2021 como a opção mais votada pelos estudantes. Segundo o governo, a prova em maio atrasaria o cronograma de outros programas de ingresso no ensino superior.

Fonte: G1