A inadimplência no ensino superior privado do Brasil cresceu 72% em abril de 2020, se comparado ao mesmo mês do ano passado. No mesmo período, a evasão – quando o estudante desiste do curso ou tranca a matrícula – também teve aumento de 32,5%. Os dados fazem parte da Pesquisa Cenário Econômico Atual das IES Privadas, do Instituto Semesp, divulgados nesta segunda-feira (25).
Segundo o Semesp, a inadimplência e a evasão são motivadas pela pandemia do coronavírus, que trouxe desemprego, redução de renda e incerteza sobre o cenário político-econômico do país.
Em abril deste ano, 26,3% dos estudantes matriculados em 146 instituições de ensino privado não pagaram as mensalidades. Em abril de 2019, o número era de 15,3%.
Sobre a evasão, 2,8% dos alunos matriculados desistiram de estudar em abril deste ano, contra 2,1% em abril de 2019. De acordo com o Semesp, a maior parte (47%) dos desistentes estavam matriculados em cursos presenciais que tiveram que suspender as aulas para conter a propagação do novo coronavírus.
Em meio a este cenário, o Ministério da Educação (MEC) suspendeu nesta segunda-feira o pagamento de até quatro parcelas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), um programa de financiamento para estudantes cursarem o ensino superior em universidades privadas. Segundo a pasta, o motivo também é a pandemia do novo coronavírus.
Os dados do Semesp se somam a outros levantamentos que mostram o impacto da pandemia na educação do Brasil.
De acordo com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), 22% das faculdades particulares não adotaram o ensino remoto e pausaram atividades, deixando os alunos sem aulas – 9% dos estudantes indicaram a intenção de desistir dos estudos.
Já mas instituições públicas de ensino superior, as aulas estão praticamente paradas. Só 6 das 69 universidades federais adotaram ensino a distância após paralisação por causa da Covid-19.
Na educação básica (ensino infantil, fundamental e médio), o cenário também mostra desafios. As redes estaduais de ensino até conseguiram adotar algum tipo de atividade remota, mas a aprendizagem esbarra na falta de infraestrutura para os alunos estudarem: muitos não tem acesso a computadores ou internet de qualidade, por exemplo, conforme revelou um levantamento feito pelo G1 e divulgado na quinta-feira (21). Os estudantes também questionam a qualidade e continuidade das aulas remotas, além da dificuldade em acompanhar as aulas e tirar dúvidas com os professores.