Prestes a concluir seu doutorado, Heloísa Storchilo, bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), teve dificuldade com sua pesquisa por causa do novo vírus corona. A prorrogação por até três meses concedida pela CAPES, garantiu à Heloísa e a outros 20.808 pesquisadores mais tempo para finalizar seus trabalhos.
“O aumento no prazo das bolsas para nossos pesquisadores concluírem seus mestrados e doutorados é uma das formas que encontramos para acolhê-los diante das dificuldades causadas pela pandemia”, afirma Benedito Aguiar, presidente da CAPES.
Heloísa faz parte do programa de pós-graduação em Medicina Tropical da Universidade Federal de Goiás (UFG). Sua pesquisa é voltada à identificação de proteínas para o diagnóstico e prognóstico de toxoplasmose congênita. A defesa da tese estava marcada para maio, mas foi adiada pela pandemia.
A bolsista conta que seriam publicados dois artigos derivados da tese, mas o cronograma precisou ser alterado quando uma das máquinas usadas na pesquisa estragou. A peça para a manutenção é importada e a entrega demorou por causa das restrições de logística no mundo. “Foi um alívio a prorrogação das bolsas, eu estava ficando sem dormir, muito ansiosa. Meu objetivo agora é concluir o doutorado da forma que eu planejei”, afirma.
Os contratempos também foram sentidos por José Teófilo, bolsista de doutorado em Medicina Tropical pela UFG, que defenderia tese em julho. O pesquisador estava na Itália, trabalhando em uma pesquisa sobre fármacos para tratamento de câncer, quando o vírus se alastrou pelo país, obrigando-o a retornar antes do tempo.
No Brasil, o doutorado de José sobre esquistossomose também foi afetado. Os parasitas estudados por ele eram assistidos em outra instituição, que não estava com os laboratórios ativos. Com o acréscimo de prazo na duração da bolsa, ele conta com o apoio de uma universidade em Londres para concluir a pesquisa. “Essa prorrogação vai me dar um fôlego para restabelecer o aparato de testes e finalizar meu doutorado. Agora eu tenho um tempo a mais para terminar esse trabalho que significa muito na minha vida”, conclui o bolsista.
Benedito Aguiar reforçou a importância de manter os bolsistas estimulados para que consigam concluir com sucesso esta etapa da carreira. “Nos esforçamos para que os contratempos causados pela COVID-19 não interfiram no resultado das pesquisas. Dessa forma, conseguimos incentivar nossos pesquisadores a manter a qualidade dos estudos”.
Prorrogação das bolsas
A CAPES recomenda que as instituições de ensino superior prorroguem o auxílio dos bolsistas ativos que tiveram suas pesquisas afetadas durante a pandemia pelo prazo máximo de três meses. A solicitação pode ser feita a qualquer momento, durante a vigência da bolsa, e deve ser registrada no Sistema de Controle de Bolsas e Auxílios (SCBA) da CAPES.
A prorrogação é indicada aos programas que cancelaram ou adiaram as atividades. Os cursos que estão com restrições de acesso às instalações necessárias à execução das pesquisas ou outros contratempos ligados à COVID-19 também podem estender o tempo das bolsas da CAPES.
As cotas continuarão ocupadas no período de prorrogação e os programas não poderão substituir os bolsistas durante este prazo.
Fonte: MEC