Vestibular 60: UnB registra abstenção abaixo do esperado
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Gabrielle Boeze 29 de janeiro de 2024

O desejo de ingressar em um curso superior foi descrito por muitos candidatos ao Vestibular 60 da Universidade de Brasília (UnB) como um sonho. Na manhã de ontem (28/1), alguns já estavam ansiosos nos portões dos pavilhões Anísio Teixeira e João Calmon às 7h20, enquanto outros chegavam mais tarde, relaxados e “aos 45 do segundo tempo”, estacionando o carro, comprando água e se despedindo dos filhos — estes mais ansiosos que os pais. A candidata mais idosa, com 88 anos, vai concorrer à geografia, segundo informações da universidade. A taxa de abstenção, de 34,58%, ficou abaixo do esperado.

Apesar das diferentes abordagens, o sentimento comum era de alegria e orgulho próprio. O aposentado Daniel Araújo, de 60 anos, tentava esconder sua ansiedade, mas as dores musculares denunciavam. “Minha esposa disse que é por conta do nervosismo com a prova. Deve ser mesmo”, contou rindo. Seu objetivo era ingressar no curso de história, uma aspiração antiga. “Até estudei um pouco, sabe? Mas tenho dificuldade com redação. Tudo vai depender do tema”, acrescentou.

O tema da avaliação enfoca o direito à universidade e ao envelhecimento saudável, com destaque para as dificuldades enfrentadas pela pessoa idosa para acessar a universidade.

Os candidatos devem discutir como a experiência e maturidade provenientes do envelhecimento saudável contribuem para a construção de conhecimentos emancipatórios na universidade, com base em textos motivadores, incluindo uma reportagem do Correio de 2021 sobre idosos que voltaram a estudar após a aposentadoria. A redação, de caráter classificatório e eliminatório, deve ser dissertativa argumentativa, com limite de 30 linhas, para avaliar as habilidades de expressão escrita e o uso adequado das normas textuais.

O professor José Carlos Melo, 61 anos, lamentou a falta de apoio físico na universidade para idosos como ele, mas elogiou a iniciativa de inclusão e expressou expectativas positivas para a prova.

Ele escolheu psicologia para ajudar na saúde mental da comunidade. Ana Maria Calasans, 64 anos, também deseja estudar psicologia pela identificação com a área. A reitora Márcia Abrahão destacou a importância da iniciativa e afirmou que os candidatos acima de 60 anos estão aptos para frequentar a universidade.

A concorrência para os 136 lugares em 37 cursos presenciais foi alta, especialmente para psicologia, com 566 candidatos. A seleção faz parte da Política do Envelhecer Saudável, Participativo e Cidadão (Pespec), com ingresso previsto para o 1º semestre letivo de 2024. Os resultados serão divulgados em fevereiro.

Fonte: Letícia Mouhamad – Correio Braziliense