Divulgados resultados brasileiros da pesquisa internacional Talis 2024
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) acompanhou, nesta segunda-feira, 6 de outubro, a divulgação da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Teaching and Learning International Survey – Talis) 2024. Os dados disponibilizados compõem o relatório da pesquisa, coordenada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A publicação com os resultados globais foi divulgada, pela OCDE, em Singapura.
A Talis coleta dados comparáveis internacionalmente sobre condições de aprendizagem e trabalho dos professores e diretores nas escolas de diversos países. A percepção dos docentes e gestores é coletada por meio de questionários. O Inep é o responsável, no Brasil, pela aplicação do levantamento, articulada com as secretarias estaduais e municipais de Educação, parceiras na realização do Censo Escolar.
No Brasil, 53,3% dos docentes dos anos finais do ensino fundamental acreditam que podem influenciar as políticas educacionais do país. O índice é mais que o dobro da média da OCDE, cujo percentual é de 23,9%. A diferença indica que os professores no Brasil se sentem capazes de impactar as diretrizes que moldam o sistema educacional brasileiro.
Entre os números apresentados, quase a totalidade de professores brasileiros dos anos finais (96,1%) acredita que o bem-estar dos alunos é importante, índice muito próximo à média da OCDE (96,5%).
Entre os desafios para a educação brasileira, figura a porcentagem de contratos de trabalho por tempo determinado. De acordo com os resultados globais da Talis, o número do Brasil é superior ao da OCDE, 36,5% contra 19,3%. A Prova Nacional Docente (PND), cuja primeira aplicação ocorrerá no final deste mês, objetiva proporcionar uma nova forma de viabilizar a contratação de professores pelas redes. A PND contribuirá também para aprimorar a formação dos docentes, fornecendo aos estados e municípios uma ferramenta para implementar processos seletivos mais eficientes e transparentes.
No âmbito de questões comuns aos países participantes da Talis, um terço dos professores que fizeram parte do estudo utiliza inteligência artificial (IA) em suas aulas. A média da OCDE em habilidade para usar a IA no ensino e aprendizagem foi de 36,3%. No Brasil, esse percentual ficou acima da média, 56,1%.
Brasil – Há também uma parte da pesquisa de aplicação nacional exclusiva de cada país. No caso do Brasil, as perguntas feitas foram referentes à percepção da educação brasileira.
No que diz respeito à percepção de proficiência de alunos em língua portuguesa e matemática no Brasil, 65,31% dos professores dos anos iniciais concordam que as políticas nacionais de alfabetização contribuíram para a melhoria. Entre os professores dos anos finais, o percentual é de 48,94%.
As avaliações externas também tiveram uma percepção positiva por parte dos professores: 67,66% dos professores dos anos iniciais consideram que os resultados de avaliações municipais, estaduais e federais, como as do Inep, têm ajudado a melhorar o processo de ensino e aprendizagem na escola. O percentual dos professores dos anos finais foi de 52,43% para o mesmo quesito.
Talis – A pesquisa da OCDE visa subsidiar a formulação de políticas educacionais e melhorar a qualidade do ensino. A iniciativa avalia o ambiente de ensino e aprendizagem e as condições de trabalho dos professores e diretores em escolas de educação básica.
O material traz ainda informações sobre temas como clima escolar, desenvolvimento profissional, liderança e infraestrutura. O Inep é responsável pelo relatório nacional, que reúne informações do Brasil e permite a análise global.
A parceria do Brasil com a OCDE na Talis vem desde a primeira pesquisa, em 2008. O compromisso seguiu nas edições posteriores: 2013, 2018 e na atual rodada. Poucos países fizeram esse mesmo percurso. A compilação de dados brasileiros ocorre em articulação com as secretarias estaduais e municipais de Educação, parceiras do Inep na realização do Censo Escolar.
