Aplicativo oferece educação gratuita para jovens da periferia na pandemia
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22 de julho de 2021

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. A frase de Nelson Mandela foi uma inspiração para João Paulo Malara, conhecido como Jotapê, criar o aplicativo New School. Aos 29 anos, Jotapê é empreendedor social, mas diz que a sua verdadeira profissão é a de sonhador.

A ideia do aplicativo educacional New School surgiu há sete anos, depois de ter um sonho interrompido: o de ver o irmão Gabriel sair do mundo do crime com vida. Após a morte do irmão de apenas 19 anos, João Paulo decidiu ajudar outros adolescentes a fugirem do mesmo destino.

Na periferia da zona oeste de São Paulo, onde morava, viu-se despreparado para lidar com a dor do luto. A partir de de suas próprias experiências pensou o conteúdo da New School.

A primeira versão do App foi lançada em janeiro de 2020 e se mostrou uma ideia certeira já que, com a pandemia, os alunos mantiveram os estudos à distância e alguns nem conseguiram acompanhar as aulas. Com a nova versão liberada no último mês de abril, a plataforma já impactou mais de 10 mil pessoas. A expectativa é alcançar 1 milhão de pessoas até o final de 2021 com “o objetivo dar expectativa de futuro a um jovem periférico, que a única coisa que está sendo oferecida para ele é tapar buraco”.

O aplicativo é dividido em quatro pilares: socioemocional, educacional, profissional e social. Todas as aulas são produzidas pelo time de conteúdo, o “P&D da Quebrada”. “A gente tem um departamento formado por jovens periféricos que traduzem o material técnico que, provavelmente, não chegaria na favela. Ele é supervisionado por especialistas, mas quem dita o que vai ou não entrar no app é o jovem”, explica Jotapê. Ele acredita que traduzir o conteúdo para uma linguagem familiar é a melhor forma de alcançar os adolescentes de 14 a 19 anos, seu público-alvo.

Para usar o app, é necessário preencher um cadastro. Os conteúdos vão desde disciplinas escolares até temas como preconceito e ódio. A intenção da plataforma não é substituir o currículo formal das escolas, mas auxiliar e ampliar os estudos, principalmente durante a pandemia, que tem dificultado o aprendizado de crianças e adolescentes. Além disso, estão disponíveis cursos técnicos como fotografia e programação. Para incentivar a continuidade dos estudos, o aplicativo dá pontos que podem ser trocados em uma loja virtual na própria plataforma.

Para Jotapê, a tecnologia mobile foi a melhor opção para alcançar o maior número de pessoas possível, já que “o jovem da periferia não tem acesso a um computador, não tem acesso a uma TV, mas tem acesso ao celular. […] Então a gente consegue chegar lá, ele vai ter o wifi da igreja ou o que compartilha do vizinho.”

FONTE: UOL Educação/ECOA.