A pesquisa inédita, divulgada em 9 de agosto, aborda os desafios enfrentados nas escolas públicas nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano). Realizada em parceria entre o Itaú Social e a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o estudo reuniu mais de 3,3 mil dirigentes de educação de municípios por todo o país. Este artigo analisa os resultados e destaca as principais conclusões da pesquisa.
Os resultados da pesquisa apontam para desafios substanciais enfrentados pelas escolas públicas nos anos finais do ensino fundamental. Dentre eles, a saúde mental de alunos e professores é uma questão premente, destacada por 75,2% dos gestores. Da mesma forma, 74,1% apontam a falta de envolvimento das famílias como uma preocupação significativa. Além disso, a formação dos professores para lidar com os aspectos específicos desta etapa educacional é vista como um desafio por 69,9% dos participantes.
Sônia Dias, gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social, enfatizou que os anos finais do ensino fundamental são caracterizados por mudanças substanciais na vida dos estudantes. Essa fase marca a transição da infância para a adolescência, uma etapa frequentemente cursada entre os 11 e 14 anos de idade. Essas mudanças têm impacto direto no processo de ensino e aprendizagem. Questões como falta de atenção, sonolência e emoções intensas são comuns nesse período de desenvolvimento.
A pesquisa também ressalta a necessidade de ações específicas para lidar com esses desafios. Por exemplo, mais da metade das redes de ensino participantes (54,1%) não têm equipes dedicadas à transição do 5º para o 6º ano. Além disso, 27,8% não oferecem espaços de acolhimento para os alunos durante essa transição crítica.
Quanto à formação dos educadores, o estudo evidencia a necessidade de uma abordagem mais alinhada com os desafios da etapa final do ensino fundamental. Atualmente, a oferta de formação é escassa e raramente aborda tópicos cruciais.
A expansão da educação integral também se destaca como um desafio nas redes municipais. Cerca de 57,5% das redes pesquisadas estão buscando formas de expandir ou implementar essa modalidade de ensino nos anos finais. Estratégias como disciplinas eletivas ou atividades extras (42,8%) e o aumento do quadro de professores (39,9%) estão entre as iniciativas mais avançadas nesse sentido.
A pesquisa oferece uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelas escolas públicas nos anos finais do ensino fundamental. Identificar essas fragilidades é um passo crucial para a busca de soluções eficazes. Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime, enfatiza a necessidade de políticas públicas conjuntas para enfrentar os desafios desta etapa educacional. Em uma época em que as mudanças e transições são intensas, abordagens holísticas e alinhadas com a realidade dos estudantes são fundamentais para proporcionar uma educação de qualidade.
Fonte: Agência Brasil