Mestrado em enfermagem contribuirá com a saúde indígena
Gabrielle Boeze 7 de junho de 2024

Ocupando “espaços que antes não sonhava”, Leydi Nara Marinho da Silva, da etnia Baré, tem no mestrado em enfermagem a certeza de que vai seguir a carreira de enfermeira assistencial com os povos originários.

Com nome indígena de Potira, que significa flor, nasceu em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Desde 2018, ela reside em Manaus, onde foi em busca da “vivência para o entendimento na prática da saúde indígena como enfermeira”.

Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), foi a primeira a fazer uma pós-graduação na família. Atualmente, ela é mestranda no Programa de Pós-Graduação (PPG) em Enfermagem no curso em associação entre a Universidade do Estado do Pará (Uepa) e a Ufam, que acontece desde 2010. O modelo faz parte da oferta de programa de pós-graduação em forma associativa da CAPES.

Gilsirene Scantelbury de Almeida, coordenadora do PPG em Enfermagem stricto sensu da Ufam, explica que as duas linhas de pesquisa do programa, uma sobre saúde pública e outra sobre educação e tecnologia, trazem o contexto amazônico no ensino, o que possibilita que a própria comunidade fale por si, considerando a biodiversidade da região e as características dos povos.

Em 14 anos, o programa de mestrado da Ufam formou 125 mestres e, desde 21 de maio de 2024, oferta, também, o primeiro doutorado em Enfermagem da região Norte. Para a coordenadora, “isso vai incentivar novos doutores e aumentar a produção, a pesquisa e a ciência dentro da biodiversidade do que temos aqui”. Ela destaca também a importância de profissionais da própria região falarem sobre a realidade amazônica.

Leydi é uma dessas profissionais. Em sua linha de pesquisa, estuda as intervenções de enfermagem que podem ser utilizadas com a população indígena com síndrome metabólica, ou seja, que tenham um conjunto de condições que aumentam o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e diabetes.

Após concluir o mestrado acadêmico, a pesquisadora pretende atuar diretamente na assistência à saúde das populações originárias, compreendendo melhor os desafios e lacunas da saúde indígena, além de seguir para o doutorado.

PPG stricto sensu em forma associativa:
Atualmente, existem 158 programas em forma associativa, regulamentados pela Portaria nº 78/2024, onde há participação de uma instituição coordenadora  outras associadas. O modelo caracteriza-se pelo compartilhamento de responsabilidades, professores e infraestrutura, além de possuir regulamento próprio.

O objetivo é reduzir as assimetrias regionais e induzir a criação de Programas de Pós-Graduação stricto sensu em instituições que não tenham, ou tenham poucos, cursos de mestrado ou doutorado, por meio da parceria com programas e instituições consolidadas. Novos cursos são aprovados a partir dos editais de Avaliação de Propostas de Cursos Novos (APCN).

Fonte: Brasília – Redação CGCOM/CAPES