Pandemia provoca aumento do interesse de alunos por graduações na área de saúde
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Felipe Stegun 26 de novembro de 2020

A tendência de recuperação do setor privado de ensino superior dá os primeiros sinais depois de oito meses de pandemia da Covid-19 no Brasil e, com eles, a indicação de que as formações da área de Saúde serão ainda mais impulsionadas a partir de 2021. Essa é uma das conclusões da 5ª onda da pesquisa “Coronavírus e Ensino Superior: o que pensam os alunos”, realizada pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insight e divulgada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).

Entre os 15 cursos mais procurados pelos participantes do levantamento – que representam mais de 73% das intenções de matrícula –, aqueles que pertencem à área da saúde tiveram destaque, como enfermagem, psicologia, educação física, biomedicina, nutrição e fisioterapia. No rol das ofertas presenciais, graduações relacionadas à saúde correspondem a 36,1% do interesse, e, na modalidade EAD, equivalem a 17,5%

“A preferência por formações na área da saúde expõe a crescente valorização desses profissionais durante o combate à pandemia, em especial na linha de frente de enfrentamento”, pontuou o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier.

Os números aceleram a tendência apurada pelo Censo da Educação Superior 2019, divulgada em outubro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado do Ministério da Educação (MEC). De acordo com o Censo, no rol das dez graduações presenciais em instituições privadas com maior número de matrículas no ano passado – equivalente a 58,9% do total, quatro são da área de saúde e somam 11,7% dos estudantes regulares.

No histórico acompanhado pelo Inep há um crescimento acelerado desse cenário. Em 2012, eles representavam 17,1% do total de estudantes matriculados, quatro anos depois houve um salto para 22,6% e, nos dados mais recentes, do ano passado, são 31,4%. Esses índices são bem superiores aos 6,5% dos discentes apurados na média dos países integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a área de saúde e bem-estar.

Demanda reprimida
A 5ª onda da pesquisa identificou que os estudantes não querem mais adiar o sonho da graduação. Em razão disso, há uma demanda reprimida de estudantes interessados em investir em suas graduações que demonstram interesse em começar os estudos no primeiro semestre de 2021. De acordo com o levantamento, 38% dos entrevistados afirmam querer começar a graduação no próximo semestre – cenário imediato do primeiro semestre de 2021 – crescimento de 24 pontos percentuais (pp) em comparação com a apuração anterior, realizada em julho e se referindo ao segundo semestre de 2020. Somado a esse maior entusiasmo, está a queda da incerteza, de 38%, em julho, para 26% no contexto atual.

Para os cursos presenciais, o otimismo mostrou maior elevação. Na evolução das fases da pesquisa, a intenção de matrícula registrou índice de 16% em abril, no início da pandemia –, chegou ao patamar de 5% em julho e, atualmente está em 33%. O avanço indica o aumento na confiança na adoção das medidas de biossegurança definidas pelas autoridades e o conforto dos estudantes em retomar as atividades presenciais a partir do próximo ano. Entre os cursos a distância (EAD) – que incluem também os híbridos e semipresenciais – a variação foi menor e, ainda assim, houve crescimento de 12 pp.

“O cenário da 5ª fase aponta um aumento da intenção de matrículas na graduação, incluindo a modalidade presencial, o que mostra que os jovens não querem mais adiar o sonho do curso superior, o que traz leve otimismo ao setor”, comentou Celso Niskier.

Consolidação do EAD
A adequação à nova realidade financeira dos alunos tem colaborado para aumento do interesse pelos cursos EAD. Antes da pandemia, o presencial era a primeira opção para 33% dos participantes que, agora, vão optar pela graduação à distância. Esse índice era de 27% em julho (4ª onda) e 18% em junho (3ª onda).

A maior confiança no EAD com investimento na formação superior ganha força a partir das  boas experiências com ensino remoto, da sinalização do Conselho Nacional de Educação (CNE) da possibilidade da continuidade do formato até o fim de 2021, do grande investimento na transformação digital e das negociações personalizadas e individuais das IES com seus alunos.

Levantamento 
O levantamento “Coronavírus e Educação Superior: o que pensam os alunos” foi realizado pela ABMES em parceria com a Educa Insights entre 13 e 15 de novembro, via internet. Em sua 5ª fase foram consultados 1.102 homens e mulheres, de 17 a 50 anos, que desejam ingressar em cursos presenciais e EAD ao longo dos próximos 18 meses, em todas as regiões brasileiras.

Ao longo de todas as fases da pesquisa foram ouvidos 4.490 alunos de graduação, matriculados em cursos presenciais ou EAD de instituições particulares, há pelo menos 6 meses e potenciais alunos que tenham interesse de iniciar cursos de graduação presencial ou EAD em faculdades privadas nos próximos 18 meses. Foram realizadas quatro outras etapas do levantamento, nos meses de março (1ª fase), abril (2ª fase), maio (3ª fase) e julho (4ª fase).

Números da educação superior particular
Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2019, divulgados em outubro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), o segmento é responsável por 94,9% da oferta de educação superior do país, considerando as modalidades presencial e EAD.

Quanto às matrículas, as instituições particulares de educação superior (IES) foram responsáveis por 75,8% em 2019, sendo 35% a distância (EAD) e 65% presencial.

Fonte: ABMES