Superdotados enfrentam ‘jornada’ por direito à educação adequada nas escolas
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Felipe Stegun 15 de junho de 2021

O estudante Pedro Alonso, de 13 anos, já trocou de escola quatro vezes. Seu raciocínio rápido fazia com que terminasse as tarefas antes do esperado e, quando ficava desocupado durante as aulas presenciais, incomodava os professores e alunos. Mas ele não era um “problema”.

Identificado com altas habilidades/superdotação, termos identificados pelas siglas AH/SD, ele sabia mais do que a média. Isso deveria ajudá-lo na rotina escolar – mas o que aconteceu foi justamente o contrário.

O caso ganhou contornos ainda mais peculiares porque Pedro também tem autismo, o que demanda uma outra abordagem pedagógica.As leis e regras educacionais preveem atendimentos específicos para AH/SD, mas nem sempre isso ocorre.

A legislação prevê:

  • Enriquecimento curricular ou suplementação: o currículo é adaptado para estimular e desenvolver a habilidade do estudante. É comum em casos em que o aluno tem superdotação em uma área, mas fica na média em outras. Nestes casos, o estímulo ao raciocínio tem que ser direcionado.
  • Aceleração de série: voltado a alunos com altas habilidades em todas as áreas, e maturidade para estudar com crianças mais velhas. Neste caso, o aluno avança de ano e estuda o mesmo currículo que os colegas daquela série.
  • Contraturno escolar: atividades extras após as aulas regulares. Pode ocorrer em uma sala de recursos, dentro da escola, ou em projetos sociais para estes estudantes. Há ONGs que oferecem reforço escolar para alunos de escolas públicas com altas habilidades. Outras fazem parceria com colégios particulares de elite para dar bolsas a alunos carentes superdotados.

Mas, o que são as altas habilidades e superdotação?

Os termos “altas habilidades” e “superdotação” são sinônimos, segundo a mestre em educação de superdotados e membro do Conselho Brasileiro de Superdotação Cristina Delou.

Eles estão relacionados à aprendizagem e à forma como o raciocínio e a memória se constroem, explica Delou. Os testes geralmente levam meses para serem concluídos. Quem aplica precisa também observar a forma como aquele aluno pensa.

Pela definição do psicólogo educacional americano Joseph Renzulli, pessoas com altas habilidades ou superdotação têm três traços predominantes:

  • habilidade acima da média: raciocínio em leitura e matemática, relação especial, memória e vocabulário;
  • comprometimento: motivação empregada ao desenvolver uma tarefa, um foco ou concentração na atividade, com perseverança e paciência;
  • criatividade: pensamentos originais, criativos, flexíveis.

Mas há diferentes graus de superdotação, explica Christina Cupertino. “O mais comum de encontrar são pessoas que têm desempenho médio ou baixo em algumas áreas e se destacam em outras”, afirma.

Fonte: G1 Educação